
A vida das pessoas
Elmário, Rita de Cássia e Silma
No bar da esquina, pessoas descontraídas batiam um papo gostoso, sem grandes preocupações.
Havia um grupo de pessoas cigarras, tipo Zeca Pagodinho, vida leva eu, deixa a vida me levar. Tudo é festa, viver o agora, aproveitar a vida efêmera, despreocupada, o que importa é o momento, comemorar o resultado obtido pelo seu time favorito, comemorar a eleição de um político nota dez, adotar a solidariedade humana.
Preocupação com o ser, viver a plenitude de todas as realizações, adotar a solidariedade humana.
Outro grupo de pessoas já pensava o contrário, adotava a filosofia da formiga. Tomava, cautelosamente, a cerveja, só comemorava quando tivesse plena certeza das vitórias, preocupava-se com os baixos salários, falta de condições humanas para viver. Esse grupo, calculista, apostava em coisas a longo prazo, reais, mais individualizadas e na certeza de um futuro melhor, mais seguro; aceitava a realidade sem sonhos impossíveis, mas não era portador de grandes alegrias, era mais fechado e menos alegre, evidenciavam grandes preocupações com o ter.
Quem tudo sonha, nem sempre consegue uma realização plena, mas quem sonha de olhos abertos, pode buscar a realização total.
Duas vidas “bem” diferentes
Estela e Sílvia
Fabi, 28 anos, morena, bonita, olhos castanhos, corpo bem feito, facilidade para fazer amigos. Sua característica mais marcante é a alegria de viver intensamente cada momento. Para ela, tudo no mundo é fácil, está sempre pronta para qualquer aventura, sejam passeios, baladas, compras no shopping ou frequentar ambientes bons e requintados. Seu trabalho lhe proporciona bons rendimentos, pois trabalha muito, mas assim como ganha muito dinheiro, também gasta mais do que tem disponível. Usa cartões de crédito, cheques e quando os mesmos excedem, faz empréstimos
Sendo Fabi, uma jovem tão alegre, animada e extrovertida conquista e cativa a todos. Possui muitos amigos e sempre que solicitada, está sempre pronta a servir e ajudar de todas as formas, inclusive com seu dinheiro, suas roupas, sua casa, seu carro... Enfim, sua vida é muito instável, mas vive cada minuto como se fosse o último, não pensa no futuro.
Cristina, 74 anos, viúva, avó de Fabi, mora sozinha, aposentada e recebe uma boa pensão que vai direto para a popança.
Desde muito jovem, e por ter passado muitas dificuldades com seus pais, aprendeu a economizar cada centavo. Não aproveitou sua vida, não conheceu lugares novos, não freqüentou bons restaurantes. Tem poucos amigos, já por conhecerem seu jeito avarento e mesquinho de ser, quando se trata de dinheiro. Não costuma dar esmolas, não ajuda ninguém, sofre quando se obriga a ajudar Fabi com alguns trocados.
Atualmente Cristina vive sozinha, quase sem amigos e seu único prazer é olhar seu extrato bancário. Enquanto Fabi vive rodeada de amigos deixando a vida sem pensar no dia de amanhã.
João e Michael
Juarez e Luiz
Tive a sorte de ter filhos gêmeos. Michael e João. Que maravilha! Vê-los crescendo na mesma casa, com os mesmos hábitos, a mesma criação, escolas... tão iguais, mas tão diferentes.
João é mais sério, concentrado, astuto e faz tudo, tudo mesmo, com esmero e paciência. Até me aconselha quando preciso e quando não preciso. Passou em primeiro lugar no vestibular de medicina e se tornou o Doutor João, respeitado, cheio de amigos (apesar de reservado) e com uma família maravilhosa. O oposto do irmão. Este sim!
Sempre sorrindo, passava na escola na média e ainda colocava a culpa nos professores. “O sor pega no pé”. “Não aguento mais o colégio”! Vocês já escutaram isso?
A vida para ele é uma festa! Sempre rodeado pelos companheiros, da família, das mulheres...
Achei que iria viver eternamente ligado aos Ataris, desenhos, heróis, filmes, festas, namoradas, mas não! Largou o Atari.
Tento conversar com ele, porém mãe é mãe, nunca temos razão!
O que importa, na verdade, é a felicidade de ambos.
E eles são felizes, cada um do seu modo. Mesmo um sendo a formiga e o outro sendo a cigarra.
Ele e Ela
Patrícia, Keile e Michele
Ele pula da cama
Ela vira pro lado
Ele corre pro trampo
Ela ouve o rádio
Ele pensa no horário
Ela abre o armário
Ele engole o almoço
Ela escolhe o rosto
Ele volta apressado
Ela sonha com o amado
Ele baixa a cabeça
Ela prende as madeixas
Ele chega cansado
Ela toma um banho demorado
Ele mexe na panela
Ela assiste à novela
Ele pensa na poupança
Ela sai para a dança
Ele compra um carro
Ela desliza no barro
Ele paga a conta
Ela sente-se tonta
Ele foi à luta
Ela só levou multa.