Quem conta um conto aumenta um ponto...
Foi numa terra sem lei que finalmente encontrei, lá onde Judas perdeu as meias, a casa da mãe Joana. Pensando na morte da bezerra e sem entender patavina do que estava acontecendo comigo, fiz um negócio da China ao dar de mão beijada todo o meu dinheiro na compra daquela casa.
Com a corda no pescoço, o proprietário me vendeu, mas não contou as reais condições do prédio. Acabei comprando gato por lebre. A casa estava na baba, caindo aos pedaços. Tinha visto as fotos, mas ao chegar ao imóvel, me caiu os butiás do bolso: entrava quem queria, como se a casa não tivesse dono e quando quis impedi-los, me mandaram conversar com o Batman.
Resolvi por em pratos limpos a situação com o proprietário. O cara, cheio de nove horas me mandou para o quinto dos infernos e, quando eu fui revidar, percebi que estava com as calças na mão e não tinha com que me defender. Mas, como quem não tem cão, caça com gato, mostrei para ele que era galo de briga, intimando-o para o ringue. Porém, ele foi salvo pelo gongo: minha esposa chegou, implorando para que eu não o machucasse.
Saí com o rabo entre as pernas: perco meu dinheiro, mas não perco o casamento!
Michele Teixeira

O amigo da onça
Numa empresa pequena de calçados havia um testa de ferro do patrão, mas muito amigo da onça com os colegas. Observava os demais sempre andando à toa pela fábrica, como não tinha papas na língua fazia muita fofoca entre o pessoal.
O elefante branco não entendia patavina de calçado, fazia muitos erros crassos. Um colega da pá virada resolveu entrega-lo para a chefia, o chefe por sua vez duvidou da fofoca, mas como o pior cego é aquele que não quer ver, teve que engolir com espinhos o fato.
Por sua vez, o patrão se fez de desentendido, sentou-se pela produção pensando na morte da bezerra pegou o elefante branco de trololó e bate boca com o elefante malhado, espantado ouviu “tu vais pagar tintim por tintim pela fofoca, estragou meu lado com o chefe”, no mesmo momento foi posto para a rua e até hoje está vendo navios.
Silma W.

Texto lúdico sobre cultura inútil
No dia de São Nunca, na localidade de Quintos dos Infernos, encontrei Anastácio, que sempre dizia que quem tem boca vai a Roma ou que mais vale um pássaro na mão que duzentos voando, como meu relato não é para dar lucro e sei que quem vê cara não vê coração, aceitei a velha recomendação de meu pai, o olho do dono é que engorda o animal, embora seja um ditado do tempo do Ariri Pistola, ora bolas! Sempre temos um amigo da onça para afirmar que a fruta nunca cai longe do pé e como as coisas estão mudando, vemos o poste mijar nos cachorros e pensar que quem te viu quem te vê, dizendo que quando o urubu está de azar, o de baixo faz cocô no de cima e eu sonho com aquela artista, mas é muita areia para meu caminhãozinho e me faço de leitão para mamar deitado, porque pessoa esperta aceita o conselho de levar vantagem você também, porque antes quero jumento que me carregue do que cavalo que me derrube. Por isso, às vezes, tomo umas e outras ou água que os passarinhos não bebem ou como couve e arroto carne, pois a gente vê a pulga é no cachorro magro, seria mais fácil entender que manteiga em focinho de cachorro ou mais curto que coice de porco são ditados antigos, mas há outro ditado mais usado pelos gaúchos, mais triste do que pinto em goteira. Tenho a esperança de que os últimos serão os primeiros, porque quem muito quer, nada tem ou seria para imaginar que é coisa só para inglês ver, porque cavalo dado não se olha os dentes e ainda lembro uma pessoa muito correta que afirmava que alguns querem Deus para si e o diabo para os outros e já sei que quem te conhece não te compra. Com tudo isso, fiquei muito irritado e bradei: Ora bolas! E que vá tudo para a ponte de Paris e chega de inutilidades.
Elmário J.C.

Qualquer coisa...
A morte da bezerra causou comoção na cidade Popular e mesmo não adiantando chorar sobre o leite derramado, muitos decidiram prestar suas últimas homenagens a tão subserviente ser... Diziam as más línguas, que desde os tempos do Ariri Pistola, a bezerra já sustentava a família que servia. Era moça ainda, mas a morte não escolhe idade e cada coisa a seu tempo... Foi-se a pobre Bezerra, deixando o dono, desconsolado. Para ele, era melhor assim, Deus a deu, Deus a levou, não gostaria de ver o bichinho se acabando aos poucos, antes a morte que tal sorte.
Cansado de sofrer, de chorar as pitangas, resolveu dar ouvidos a alguns amigos da onça com línguas de trapo, daqueles que se morder a língua morrem por causa do veneno. Para eles, o desconsolado deveria mandar tudo às favas, entender que há males que vem para o bem e recomeçar sua vida. Já tinha vivido tempo demais com cara de paisagem, precisava realmente viver a vida como manda a bíblia: esquecer da bezerra e achar uma mulher de verdade, daquelas pra duzentos talheres.
A tarefa era mais difícil que achar agulha no palheiro, mais perigosa que cutucar onça com vara curta, mas os amigos insistiam que enquanto há vida há esperança e que Deus escreve certo por linhas tortas. Como cautela e caldo de galinha nunca fazem mal a ninguém, o triste homem, mesmo achando a idéia sem eira nem beira, achou melhor analisar com calma, tintim por tintim, todas as opções que tinha. Como a noite é boa conselheira, decidiu que iria tomar uma decisão ao clarear do dia, pois acreditava que a pressa é inimiga da perfeição e que o apressado come cru.
Ao nascer do sol, ele, que sempre acorda cedo porque acredita que Deus ajuda quem cedo madruga tinha chegado a uma conclusão: achou melhor ficar sozinho e explicou aos amigos o porquê. Para ele, não dá para confiar numa criatura que sangra cinco dias todo mês e não morre, por isso, antes só do que mal acompanhado.
Graziela reis